O MOVIMENTO DE CONVERGÊNCIA

(Escrito em 1992 pelo arcebispo Wayne Boosahda e pelo bispo Randy Sly para a Biblioteca Completa do Culto Cristão, Robert Webber)

“Por isso, todo mestre instruído quanto ao Reino dos céus é como o dono de uma casa que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas” ( Mateus 13:52 NVI).

Esta passagem bíblica resume a fonte do descobrimento de uma corrente de pensamento e renovação através do Corpo de Cristo. Descrito como o Movimento de Convergência ou “Convergência das Correntes”, este insipiente movimento aparece, tanto para os observadores como para os participantes, como outra evidência contemporânea da ação continuada de Deus na história, para renovar, restabelecer e unificar o seu povo em um mesmo sentir e propósito em Cristo.

O Movimento de Convergência surgiu a partir do desejo e do sentir comum de se ter uma plena experiência da espiritualidade cristã. Para facilitar, neste artigo, chamaremos este movimento pela sigla “MC”. Seu principal objetivo é trabalhar na convergência ou união dos elementos essenciais da fé, ordem e prática cristã associando as correntes: carismática/pentecostal; evangélica/reformada e litúrgica/sacramental. Desta forma, um número crescente de congregações e líderes locais de muitas outras denominações, estão encontrando “tesouros velhos e novos” herdados espiritualmente da Igreja universal.

A combinação ou convergência dessas tradições é vista como a obra do Espírito Santo que compartilha sua graça, como vemos na visão do Salmo 46:4-5 “Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela; jamais será abalada; Deus a ajudará desde a antemanhã”. Deste modo, a “Cidade de Deus“ é vista como a Igreja; o rio, como a ação e o fluir de sua presença na Igreja e, as muitas correntes, como expressões do rio que vão sendo desenvolvidas e bifurcadas do rio principal através da história.

Todas as correntes são necessárias para enriquecer e alegrar a cidade de Deus com a plenitude da vida, o poder, o propósito e a sua presença. Hoje nos encontramos num tempo no qual as correntes parecem correr até o rio e se unir cada vez mais. O ministro anglicano David Watson escreveu em seu livro "Eu Creio na Igreja" o seguinte: “Este rompimento com Roma (a Reforma), apesar de inevitável, devido à corrupção do tempo, desgraçadamente produziu sucessivas divisões que tem partido em mil pedaços o Corpo de Cristo, com um resultado que, hoje, a missão da Igreja é gravemente invalidada pela variedade desconcertante de denominações... Assim sendo, a Igreja é uma cristandade dividida e separada não obstante isto ser um escândalo e, cremos, todos os cristãos necessitam arrepender-se deste fato profundamente...”. Esta chamada para seguir adiante é o desejo de muitos no MC que querem ver as correntes da Igreja juntas.

Wayne Boosahda e Randy Sly, da Igreja de Hosanna del Rey, expressaram a convicção de que “distantes dos dias da Reforma, agora vemos o coração de Deus movendo-se até uma categoria de reforma ao inverso ou a restauração de uma Igreja Santa, Católica e Apostólica (católico aqui usado para se referir ao mais amplo sentido da Igreja de Jesus Cristo, como Universal)”.

A História do seu Aparecimento e Crescimento

O Movimento de Convergência parece ter duas fontes antecedentes em duas áreas de renovação espiritual e culto da Igreja neste século: a renovação carismática contemporânea e o movimento de renovação litúrgica, incluindo católicos e protestantes. A renovação carismática começou no início dos anos 1960 e se desenvolveu principalmente no meio das denominações. A renovação uniu elementos pentecostais e carismáticos, tais como santidade, profecia e espontaneidade de louvor e adoração, com os elementos mais tradicionais (e eventualmente, católico romanos) das práticas litúrgica e reformada.

O que alguns chamaram de a “Terceira Onda” ou o “Movimento de Sinais e Maravilhas” começou em volta de 1978 com o aparecimento do ministério de Jonh Wimber e as Igrejas da Videira que surgiram através do seu trabalho. James Robinson, Jim Hylton, Ray Robinson, além de outros líderes batistas do sul, presenciaram uma onda que se chamou “O Movimento da Plenitude” que tocou principalmente a CBS. Peter Wagner e outros membros do Seminário Teológico Fuller, formalizaram o movimento através de seus escritos e atuaram como um filtro e ponto de enfoque. A Terceira Onda foi descrita por algumas pessoas como um epílogo da Renovação Carismática, reunindo os elementos carismáticos do culto - experiência e pratica, com a tradição evangélica.

A outra influência chave sobre MC foi o movimento de renovação litúrgica, que surgiu originariamente na França dentro da Igreja Católica Romana e em Oxford através do Movimento Tractariano da Igreja da Inglaterra no século XIX. A renovação litúrgica causou um ressurgimento do interesse de retornar à essência, ao espírito e à forma do culto cristão antigo, como foi praticado e entendido pela Igreja primitiva dos primeiros oito séculos. O enfoque particular foi dado aos pais apostólicos da Igreja primitiva e indivisa até o ano 390 d.c. As descobertas e o enriquecimento da teologia e a prática do culto e o ministério daquela era fértil foi derramado nas Igrejas protestantes e começou a ter um grande impacto sobre elas por volta de 1950.

Há um componente comum no atual MC que veio desses movimentos anteriores que é o grande desejo e a preocupação pela unidade de todo o Corpo de Cristo, a Igreja. Não obstante não ter se associado com o Movimento Ecumênico oficial do Concílio Mundial de Igrejas, o MC tem um grande desejo de aprender com outras tradições de culto e espiritualidade que estejam além de sua própria tradição, buscando assim integrar estas descobertas em sua própria prática e experiência no caminho da fé.

Verdadeiramente, muitos líderes no movimento descrevem sua experiência como um caminho ou peregrinação convincente. Desta forma, buscaram através de acontecimentos soberanos, relações pessoais, leitura de livros ou idéias ocasionais, uma melhor compreensão da Igreja e, sendo assim, chegaram a conclusões que eram bastante diferentes de suas prévias perspectivas e de seus antecessores.

Um caso em evidência foi Richard Foster, de antecedente quaker, cuja peregrinação pessoal o dirigiu para escrever o clássico “A Celebração da Disciplina” em que ele enfoca uma prática integrada de disciplinas espirituais perfiladas desde as cinco tradições básicas da espiritualidade na Igreja através da história. Como resultado de seu enfoque revelador, Foster convocou uma conferência em 1988 chamada “Renovare” que se reuniu em Wichita, Kentucky. Essa conferência e o objetivo de renovação converteram-se nos precursores diretos do conceito de convergência de correntes.

Sem ser reconhecido abertamente até 1985, constata-se, que muitas pessoas conheceram o MC no caminho proveniente de várias transformações da Igreja que tiveram experiências e pontos de vista semelhantes ou idênticos. De uma em uma, congregações e líderes foram se conhecendo com a sensação de que Deus estava fazendo alguma coisa em um nível básico semelhante a um rio subterrâneo que está perto de sair para superfície.

Os pioneiros contemporâneos do MC, que formaram seu conhecimento e pensamento, são homens como o Dr. Robert Webber – autor e professor de Teologia em Wheaton College; o Dr. Robert Stamps - antigo capelão da Universidade Oral Roberts; Peter Gillquist - antigo líder e agora um sacerdote e evangelista ortodoxo; Thomas Howard, de St. John Seminary; Thomas Oden – o teólogo e autor da Drew University; Howard Snyder - teólogo, autor e educador cristão; Stan White – antigo pastor da Assembléia de Deus e agora um sacerdote episcopal e outros como David Duplessis - ministro pentecostal e precursor do diálogo carismático ecumênico entre católicos romanos e pentecostais; o atual arcebispo de Cantuária George Carey; a Ordem Litúrgica de São Lucas dos Metodistas Unidos e Peter Hocken – teólogo católico romano.

Como podemos ver, o MC tem a capacidade de agregar pessoas que vêm de uma profunda transformação, desde fundamentalistas e evangélicos ao anglicanismo/episcopal e protestantes e, desde pentecostais clássicos e carismáticos independentes a católicos romanos e ortodoxos. Apesar de nem todos os que foram citados fazerem parte diretamente do MC, sem nenhuma dúvida, ajudaram a formar e influenciaram a visão, pensamento e prática desenvolvida dos que lá estão.

Robert Weber escreveu vários livros chaves na história e na prática do culto cristão tais como “Culto Antigo e Novo“, “A Adoração é um Verbo” e “Sinais e Prodígios - O Fenômeno de Convergência nas Igrejas Modernas: Litúrgicas e Carismáticas”, os quais tem sido sumamente influentes no movimento. Seu livro “Evangélicos no Estreito Caminho de Cantuária”, descreve uma tendência de cristãos evangélicos que se unem a Igrejas litúrgicas e suas razões. Este livro foi uma das primeiras descobertas para muitos que agora trabalham claramente em uma perspectiva de convergência.

O maior conhecimento público do novo movimento veio por Stan White, um jovem da quarta geração de pastores da Assembléia de Deus de Valdosta, Georgia, que fomentou um grande debate quando tomou toda sua congregação carismática independente e foi para a Igreja Episcopal. A história foi contada pela revista “Cristianismo Hoje” em setembro de 1990 com o título: “Por que os bispos foram a Valdosta?”. A revista Carisma, a principal voz do movimento carismático, publicou um artigo em abril de 1991 sobre a ida de Stan White até uma Igreja que era completamente carismática, completamente evangélica, completamente litúrgica e sacramental.

Peter Giliquist, um líder do Ágape(Cruzada Estudantil para Cristo) nos anos 60, deixou o movimento Ágape com vários outros líderes próximos em busca da verdadeira Igreja do Novo Testamento. O livro de Giliquist “Fazendo-se Ortodoxo - Uma Viagem à Fé Cristã Antiga”, descreve uma crônica de sua perigrinação fascinante em busca, através do estudo e investigação, da Igreja primitiva durante quinze anos. Seus descobrimentos os dirigiram a serem recebidos e incluídos por completo na Igreja Ortodoxa de Antioquia. Dois mil crentes evangélicos/carismáticos que formaram a associação das quinze congregações que eles haviam fundado, foram recebidos também no ramo da Igreja Ortodoxa de Antioquia.

Quando as notícias desses acontecimentos começaram a circular, vários líderes começaram a identificar algo novo e foram alentados pelo fato de reconhecerem que Deus estava verdadeiramente restaurando uma fé antiga em um mundo novo. Assim, esses líderes ficaram, de fato, aliviados ao descobrir que não eram os únicos que pensavam dessa maneira ou estavam convencidos por esta visão. De uma forma inesperada, pareceu que Deus estava confirmando sua chamada através do início de uma visão de unidade do Corpo de Cristo baseada na oração de Jesus em João 17 e na sua declaração em João 10:16 “Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor” (NVI). Pareceu a eles ser uma unidade que não só ultrapassaria as fronteiras, mas que também dirigiria à ampliação e ao enriquecimento da fé, da visão, do culto e da prática da plenitude em toda a Igreja.

Dois grupos chaves de congregações locais que representavam e refletiam a visão, os valores e as práticas reveladas no MC se encontram nas áreas metropolitanas de Kansas e Oklahoma. A Igreja Hosanna del Rey, fundada em 1988 no Kansas como uma congregação carismática independente, foi um instrumento utilizado por Deus para despertar interesses e compartilhar, localmente e mais além, o despertar da convergência de correntes. Aberta por Wayne e Stephanie Boosahda, a Igreja é agora pastoreada por Randy e Sandy Sly, que vêm trabalhando junto com Boosahda numa forte ênfase quanto ao fomento do conhecimento desta obra do Espírito de Deus.

Também encontramos nessa linha de convergência, congregações episcopais, carismáticas e evangélicas independentes. Os pastores Ron Mccrarye, da Igreja Episcopal de Cristo e Randall Davey, da Igreja Nazarena Overland Park, representam outros dois líderes e congregações impactados pelo pensamento e pela prática do MC.

Em Oklahoma, os pastores Mike e Beth Owen da Igreja do Espírito Santo, originalmente uma Igreja da Videira e o Dr. Robert Wise e sua esposa Margarita, da Igreja Comunitária do Redentor juntos com suas congregações, impactaram uma área de Oklahoma quando compartilharam suas experiências com outras congregações e líderes, especialmente dentro de círculos litúrgicos e carismáticos. Eles desenvolveram fortes vínculos com os de Kansas e, dessa forma, formalizaram a visão e os valores essenciais do movimento em nível nacional e internacional.

Essas Igrejas e seus líderes, juntamente com vários outros membros da Igreja de Jesus Cristo, estão convencidos de que se encontram envolvidos com algo significativo na história e na promessa para “a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica” de Jesus Cristo em nosso tempo.

Os Elementos Comuns de Igrejas de Convergência

Aqueles que são atraídos pelo Senhor a esta convergência de correntes são caracterizados por vários elementos comuns. Ao mesmo tempo, não obstante não estarem em ordem de importância, eles parecem formar a base para a direção e o enfoque do MC.

1. Um compromisso de restaurar os sacramentos, especialmente a Mesa do Senhor.

Os membros provenientes das correntes evangélicas e carismáticas da Igreja não tem enfatizado realmente a dimensão sacramental da Igreja. De fato, para eles, o Batismo e a Santa Comunhão são vistos mais como ordenanças do que como sacramentos - as ordens do Senhor devem ser empreendidas pela Igreja porém, não por um propósito, mas pela obediência. Analisando por uma perspectiva mais sacramental, estas duas expressões da vida da Igreja se vêem como santas e sagradas ao Senhor, símbolos com verdadeiro significado espiritual usados como um ponto de contato entre o homem e Deus. A presença do Senhor e do seu poder se libera nestes atos e o adorador os encontra por meio dos elementos.

2. Um desejo maior de conhecer mais sobre a igreja primitiva

Para muitos cristãos, existiu um vazio entre as páginas do Novo Testamento e a Igreja contemporânea. Isto deixou o Corpo desconectado, sem herança histórica. Como um barco à deriva, a Igreja tem tido dificuldades, ao longo dos tempos, em explicar quem é, de onde veio ou por que existe. Uma mudança recente, dentro desta perspectiva, fez com que a Igreja começasse a reencontrar suas raízes de tal forma a gerar uma conexão comum no contexto do Reino de Deus. O estudo da Igreja primitiva deu oportunidade a muitos de verem os princípios da Igreja do Novo Testamento levados a cabo pelos doze apóstolos e seus seguidores. Esses textos proporcionaram uma conexão com a época mais recente, explicando como a Igreja primitiva entendia sua fé e suas práticas, como adorava e como liderava um movimento crescente. Assim, a História do Corpo de Cristo pode ser descrita através das gerações posteriores, com seus êxitos e fracassos.

3. Amor e aceitação pela Igreja inteira e um desejo de ver a Igreja como uma.

As várias expressões do cristianismo permaneceram em seus elementos distintos por muitos anos através da separação sectária e das denominações. As Igrejas de convergência olham para mais além dessas barreiras artificiais para alentar, apreciar e aprender mais acerca da singularidade que encontramos nas diferentes comunidades de fé. A oração de Jesus em João 17 é o chamado à Igreja para ser como um Corpo, não mediante a doutrinas ou dogmas, senão a estar embaixo da unidade da Pessoa de Jesus Cristo - há unidade em nossa diversidade. Este sentido de unidade não requer de nenhuma Igreja renegar sua expressão própria como Corpo de Cristo, mas ao mesmo tempo nos chama a apreciar e acolher a variedade e a beleza da Igreja mundial ao longo da história. As igrejas de convergência apreciam a chegada das várias correntes de outras Igrejas. A chamada das Igrejas do MC é: “ser uma, seguir adiante, juntas, para representar um povo unido em Cristo para alcançar um mundo ferido e doente”.

4. A incorporação das práticas das três correntes é cada vez mais evidente apesar da ênfase de cada igreja ser diferente em sua experiência de convergência.

Uma Igreja não tem que mudar necessariamente sua identidade quando chega a fazer parte do movimento de convergência. A maioria das Igrejas de convergência tem uma base principal - ou uma expressão própria – que está diretamente ligada à corrente que a gerou. Dessa forma, elas podem ser episcopais, ortodoxas, batistas, nazarenas, carismáticas etc. e, mesmo assim, expressam elementos de culto e ministérios de outras correntes. Existem 3 tipos de Igrejas de convergência que são as mais comuns hoje: as Igrejas integradas, as inclusivas e as Igrejas de rede.

As Igrejas integradas têm mantido sua identidade original. A esta base, agregam em suas práticas de culto e ministério elementos das outras correntes que não possuem. Isto tem sido muito comum entre as Igrejas litúrgicas/sacramentais e também nas Igrejas mescladas, que são fundadas entre as correntes evangélicas e carismáticas. A igreja Nazarena Overland Park, Kansas, se enquadra claramente no MC apesar de permanecer fortemente identificada com sua herança confessional.

As Igrejas inclusivas são aquelas que sofreram uma metamorfose ao se tornaram parte do MC. Principalmente, de fundo carismático e evangélico, estas igrejas se encontram em si mesmas identificadas tão de perto com outras correntes que chegam a modificar a si mesmas e muitas chegam a fazer parte das confissões litúrgicas/sacramentais. A Igreja do Rei (Valdosta, Geórgia), a qual mencionamos no início deste artigo, é provavelmente a Igreja inclusiva mais conhecida nos últimos anos.

As Igrejas de rede são as mais independentes que têm feito parte do MC e deixaram suas associações anteriores, porém escolheram permanecer independentes. Suas conexões se baseiam em relações fortes com outras Igrejas similares. A maioria delas provém da corrente carismática.

5. Um interesse de integrar estrutura com a espontaneidade no culto

À medida que o Espírito de Deus continua movendo-se poderosamente no mundo, novos odres (ou estruturas) são requeridos para conter o poder e o potencial do vinho novo. Apesar da maioria dos cristãos futuristas esperarem que os odres novos sejam compostos de Igrejas mais abertas e espontâneas, com uma estrutura menos enfática, o Espírito, independentemente do presente, ressalta a impressão de que isto seria como verter vinho em uma rede de peixes, especialmente em cristãos norte-americanos.

O fogo santo de Deus se acende em fornos de fé nos quais a estrutura, associada às formas litúrgicas, permitem que o poder seja compartilhado sem o temor de cair-se em erros. As liturgias se reintroduzem para trazer um equilíbrio necessário ao culto entre todos os elementos que as escrituras revelam como sendo necessários para adorar a Deus em Espírito e em verdade.

A palavra “liturgia”, significa literalmente “o serviço das pessoas”. Pela implementação dos elementos litúrgicos, o culto passa a ser o serviço do corpo na adoração, no arrependimento, no escutar das Escrituras e na celebração da morte e ressurreição de Cristo. Dentro dessas formas, sempre se pode encontrar liberdade para a ação espontânea do Espírito. Os credos históricos da Igreja – o Credo dos Apóstolos, o Credo Niceno, etc., estão dando cada vez mais ao corpo de Cristo as raízes fundamentais da ortodoxia. O Livro de Oração Comum e outros recursos litúrgicos também interagem com o culto e a adoração espontânea nas Igrejas de convergência. A Mesa do Senhor se celebra com uma maior compreensão da santidade do acontecimento e as Igrejas seguem o ano cristão e o calendário eclesiástico mais consistentemente como um meio de levar o povo a uma viagem anual de fé. Todas essas expressões dão às comunidades locais uma conexão maior com a Igreja mundial e com a Igreja através da história.

6. Uma maior participação dos sinais e dos símbolos no culto através das cruzes, da arte cristã e das vestes clericais.

A Igreja contemporânea começou a recuperar a arte para Cristo. Neste movimento, o uso de sinais e símbolos serve como a representação maior da verdade. Desta forma, outros símbolos aparecem também como pontos de contato para unir duas realidades: o sinal e o símbolo exterior e a realidade interna e espiritual. As cruzes e as velas agora adornam procissões em algumas Igrejas que por anos tiveram a ostentação como um sinal da morte da fé essencial. Alguns pastores tornaram usuais as vestes clericais em vários serviços, cultos e celebrações da Igreja. Tudo isto serve como um sinal e enriquece a realidade espiritual de ser unido com Cristo e identificando com a fala profética estendida a toda Igreja que diz: “Sejam um”.

7. Um compromisso contínuo até a salvação pessoal, o ensinamento bíblico e o trabalho e ministério do Espírito Santo.

Alguns que olham esta “nova direção” dos evangélicos ou carismáticos estão ainda céticos. Nesse sentido, nota-se claramente uma preocupação de que essas Igrejas de convergência abandonem sua herança e o valor da infalibilidade bíblica e da conversão pessoal e se percam comprometendo os elementos litúrgicos/sacramentais. Com freqüência, essa preocupação surge de experiências pessoais prévias e negativas com certas expressões da Igreja ou um estereótipo errôneo. Aqueles que observam as Igrejas litúrgicas/sacramentais estão geralmente preocupados que suas Igrejas aceitem expressões mais conservadoras ou fundamentalistas da fé e da prática.

Este movimento, definitivamente, não é o abandono de uma corrente por outra mas é uma convergência. A obra de Deus é inclusiva e não exclusiva, levando adiante cada elemento que foi identificado. Dessa forma, temas como evangelismo, missões e a obra do ministério pelo poder do Espírito, permanecem intactos nesse caminho. O poder de Deus continua a ser liberado de forma maravilhosa na vida das pessoas, produzindo a conversão, a santidade, a liberdade e a mudança de vida.

A herança bíblica, rica e essencial, da Igreja no poder e na primazia da Palavra tem sido mais completamente desenvolvida quando as Igrejas dão mais tempo no culto à leitura em conjunto da Bíblia. Isto cumpre a admoestação de Paulo a Timóteo “dedique-se a ler as escrituras, a pregar e a ensinar”. Ironicamente, em um domingo pela manhã, geralmente, se lêem mais as Escrituras geralmente em um serviço litúrgico tradicional do que nas reuniões evangélicas ou carismáticas

Conclusão

O futuro da Igreja será impactado significativamente pelo Movimento de Convergência. Os muros entre grupos e denominações são véus que se podem romper abertamente, dando às outras ramificações do cristianismo uma maior oportunidade de experimentar outras formas de fé e prática.

Quando o Movimento de Convergência se consolida, denominações encontram crescimento numérico e refrigério nas suas Igrejas. A grande quantidade de ingresso de pessoas, com vários níveis de contatos nessas Igrejas, tráz uma vitalidade para a antiga fé que é vibrante e forte. Sua devoção intensa pelas formas antigas será contagiante e será acolhida por aqueles que perderam seu entusiasmo.

As trajetórias educativas formais e informais em várias correntes podem chegar a ser muito mais extensas em seu alcance, dirigindo-se a temas que podem ser a teologia e as práticas sacramentais, os ritos de iniciação, a obra do Espírito Santo, etc.

O Movimento de Convergência abrirá também maiores oportunidades para recursos e ministérios compartilhados devido à arquitetura e a disposição das Igrejas em serem conduzidas aos elementos mais comuns do culto de diferentes correntes. Os enfoques do ministério chegarão a ser também mais semelhantes, permitindo uma maior variedade de Igrejas que trabalhem conjuntamente no evangelismo, no discipulado, na ação social e na vida da comunidade cristã.

Nos versos finais do Antigo Testamento, existe uma promessa referente ao espírito de Elias que converterá o coração dos pais ao coração dos filhos e o coração dos filhos ao coração dos pais. Ao mesmo tempo, esses versos vão sendo usados em nossos dias para caracterizar a necessidade de converter os valores das famílias. Existe também a esperança que um novo espírito se derrame sobre a Igreja e faça converter os corações desta geração de crentes até aos pais apostólicos e outros que formaram a fé essencial idealizada nos séculos posteriores à ascensão de Cristo. Eles Imaginaram e trabalharam por um cristianismo que era ortodoxo e duradouro de geração a geração, operando na estreita aderência à revelação de Cristo para a Igreja. A Igreja do Século XXI olha agora com entusiasmo os pais da fé e descobre nova vida nas formas e estruturas que Deus construiu em seu meio.



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